18 de ago. de 2011

Que Papai se revele novamente àqueles que um dia pregaram o evangelho para nós!

Pastor cristão da Holanda usa o púlpito para pregar ateísmo


'"Jesus é um personagem mitológico"

Trata-se -se de um culto aparentemente convencional que se realiza em Gorinchem, cidade holandesa de 35 mil habitantes. Como todos os domingos, a Igreja Exodus está lotada. Ela faz parte da PKN, sigla da Igreja Protestante da Holanda.

Com túnica negra e colarinho branco, o pastor Klaas Hendrikse (foto) faz oração ao Senhor e a leitura da Bíblia. Os fiéis cantam hinos. Com voz grave e, como convém a um sacerdote, pausada, ele começa a fazer o sermão. Então se percebe que ali, naquela pequena igreja, talvez esteja ocorrendo uma radical transformação do cristianismo.

O pastor cristão Hendrikse é ateu. Ele afirma aos fiéis: “Aproveitem ao máximo esta vida na Terra, porque provavelmente é a única que vocês têm”. O "provavelmente" fica por conta das dúvidas de fiéis sobre uma existência no além, não do pastor.

Uma religião da contradição? Aparentemente sim, mas Hendrikse está convencido de que dá aos fiéis uma assistência espiritual, não no sentido transcendente da palavra, mas filosófico. É o que eles precisam.

O pastor admitiu a Robert Pigott, do BBC News, não ter “talento” para acreditar em vida após a morte. “Para mim, a vida é esta, antes da morte.”

Ele entende que o relato bíblico da vida de Jesus como uma história mitológica sobre um homem que pode nunca ter existido, mas que, mesmo assim, representa uma fonte de sabedoria, como outros bons livros de ficção. Nesse sentido, ele continua cristão.

Hendrikse escreveu um livro cujo do título em tradução livre para o português é “Acreditar em um Deus Não-existente”.  O pastor não crê em um Deus transcendental, em um ser que está em todos os lugares e sabe de tudo, o qual, em outras gerações, foi o terror das crianças levadas.

Para ele, Deus é algo como um comportamento instintivo que facilita o relacionamento entre as pessoas. “Quando isso [Deus] acontece, acontece aqui na Terra, entre mim e você, é onde pode acontecer. Deus é uma experiência humana.”

Quando ele começou a pregar o ateísmo do púlpito, os fiéis tradicionalistas se articularam para tirá-lo da igreja. Foram reclamar com a PKN -- e ouviram um surpreendente não. Eles foram informados de que outros fiéis e até sacerdotes tinham a mesma crença (ou descrença) de Hendrikse.

Estudo da Universidade Livre de Amsterdã revelou que um a cada seis sacerdotes de PKN e de outras seis denominações menores é ateu ou agnóstico.

Kirsten Slattenaar é um exemplo de fiel que não acredita na divindade de Jesus. “Filho de Deus foi um título atribuído a Jesus”, disse. “Porque ele foi um homem especial, muito bom.”

Igreja de Hendrikse

Dienie van Wingaarden elogiou Hendrikse porque entende que ele usa a Bíblia de uma forma metafórica de modo a permitir que ela chegue a conclusões pela sua maneira de pensar, sem imposições de dogmas. “A pregação dele é libertadora.”

O professor Stoeffels Hijme, da Universidade Livre de Amsterdam, disse que a tendência é o cristianismo se reinventar para permanecer “competitivo no mercado de ideias”, porque somente assim, segundo ele, essa crença conseguirá sobreviver por muito mais tempo.

A Holanda é neste momento um laboratório do cristianismo, disse.


A Igreja da Suécia fez uma pesquisa entre seus fiéis para saber qual é a importância que a religião tem na vida deles e chegou a constatações inesperadas:  15% são ateus e 25% agnósticos. Entre os mais jovens, o índice de descrentes é maior.

Esses fiéis, se que assim podem ser chamados, afirmaram que estão ligados à igreja pelo papel social que ela desempenha na sociedade. Ela seria, nesse caso, mais uma entidade filantrópica do que religiosa.

Dos 'crentes' (por assim dizer) da igreja, todos, obviamente, acreditam em Deus, mas apenas 15% acham que Jesus existiu.

A Igreja da Suécia se tornou protestante em 1527. Faz parte da Federação Luterana e aceita ordenação de mulheres. Tem 6,6 milhões de membros. Desse total, 400.000 comparecem ao culto pelo menos uma vez por mês. Cada um deles paga perto de 1% do seu rendimento anual.

Jonas Bromander, o responsável pela pesquisa que consultou 10.000 fiéis, disse que o elevado número de descrentes entre eles é uma consequência da secularização da sociedade sueca. Ele admitiu que, por causa disso, o número de ateus e descrentes “religiosos” poderia ser maior.

Como a igreja não exige que seus fiéis acreditem em divindades, ele reconheceu haver muitos deles que preferem se dedicar mais ao trabalho social aos cultos de domingo -- a igreja dá assistência sobretudo aos pobres e idosos. Há ainda, segundo Bromander, as pessoas que se mantêm filiados porque faz parte da tradição sueca.

Até 1996, o filho que tinha pelo menos um dos pais filiado à igreja era automaticamente tido como membro. Em 2000, em consequência do avanço da secularização, ela deixou de ser oficial, desligando-se do Estado.

Bromander admitiu que a igreja possa vir a ter problema em atender ao mesmo tempo as expectativas de seus membros religiosos e seculares. “Há o risco de uns e outros se distanciaram cada vez mais.”


Fonte: http://www.paulopes.com.br/2011/08/pastor-cristao-da-holanda-usa-o-pulpito.html e http://www.paulopes.com.br/2011/06/dos-fieis-da-igreja-da-suecia-15-sao.html

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